Enquanto a questão tecnológica se resolvia, avancei com uma pesquisa rigorosa sobre os impactos ambientais relacionados ao projeto. Investiguei dados atualizados sobre o desmatamento da Amazônia, os efeitos do aquecimento global e a crescente incidência de incêndios florestais na Europa, especialmente em Portugal. Esses dados foram essenciais para garantir que a obra não se limitasse a uma experiência estética, mas se firmasse como um discurso visual e sonoro fundamentado na realidade e na urgência da crise climática.
A busca pela trilha sonora ideal também foi um ponto chave desse processo. A escolha recaiu sobre a canção “Nhanderu – Pai Criador”, interpretada pela artista indígena Tainara Takua, cuja voz carrega a força dos saberes ancestrais e ecoa, poeticamente, a resistência dos povos originários da Amazônia. A música se torna, assim, uma extensão espiritual da floresta — um grito de socorro e, ao mesmo tempo, uma celebração da conexão entre natureza e humanidade.
Um dos momentos mais reveladores foi quando surgiu, de forma quase intuitiva, a ideia de utilizar a pixel art como linguagem visual. A estética dos pixels se conecta diretamente às representações geométricas vistas nas imagens de satélite do Google Earth Timelapse, onde os polígonos em tons terrosos denunciam as cicatrizes do desmatamento. A partir desse conceito visual, iniciei uma curadoria detalhada dos vídeos que melhor expressavam a devastação da Amazônia.
A prototipagem, portanto, se consolidou como muito mais do que um estágio de teste: foi um verdadeiro laboratório criativo, onde cada decisão, cada ajuste e cada descoberta foram fundamentais para transformar a intenção artística em uma experiência estética, política e sensorial.